Rádio Extraclassse Kolping

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O que é Desenvolvimento Sustentável?

O desenvolvimento da ciência e da tecnologia, no século 20, serviu tanto para promover a melhoria da qualidade da vida do ser humano, quanto para ampliar a sua capacidade de autodestruição. Entre as heranças nefastas do último século, encontram-se o desgaste sem precedentes dos recursos naturais, os efeitos lesivos da poluição do ar e das águas, a destruição das matas e da biodiversidade do planeta. No início da década de 1960, os movimentos ecológicos já advertiam sobre as graves ameaças que estavam impostas à biosfera. As manifestações e discussões naquela década apontavam, também, para a insustentabilidade do modelo de desenvolvimento baseado no ideal de consumo e crescimento econômico acelerado. Assim, aos poucos, os temas ambientais foram sendo incorporados aos programas de governo das nações, aos partidos políticos e à agenda dos organismos internacionais.

Movimentos ambientalistas

As Organizações Não-Governamentais (ONGs) começaram a surgir a partir da década de 1960. O WWF ("World Wildlife Fund"), a primeira ONG ambientalista de espectro mundial, foi criada em 1961. É voltada para a defesa de espécies ameaçadas de extinção, de áreas virgens e ao apoio à educação ambiental. Em 1971, o Greenpeace - criado para impedir um teste nuclear na costa do Alasca, nos Estados Unidos - passou a ser o movimento ambientalista de maior projeção internacional.

Desse modo, a discussão ambiental ganhou amplitude e adeptos em todo o mundo ao colocar em pauta a questão da própria sobrevivência humana e assinalar a necessidade de mudanças nos nossos valores sociais e culturais, bem como no modelo econômico das nações de um modo geral.

Conferência de Estocolomo



Abertura da Conferência de Estocolmo:
chefes de Estado se reúnem pela primeira
vez para discutir o meio ambiente.
O primeiro grande debate mundial sobre os temas ambientais tem como referência a Conferência de Estocolmo, promovida pela ONU, na Suécia, em 1972 (1ª Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano). Até então, esse foi o maior evento de dimensão internacional dedicado exclusivamente à avaliação das relações sociedade e natureza. O dia 5 de junho, que marcou o início dos trabalhos da Conferência, foi oficializado pela ONU como o "Dia Mundial do Meio Ambiente".

Na década de 1970, o mundo vivia no auge da Guerra fria. Os países socialistas ligados à hoje extinta União Soviética não compareceram ao evento de Estocolmo. Esses países boicotaram a conferência, em solidariedade à Alemanha Oriental, cuja participação foi vetada pela ONU.

Sem a presença dos países socialistas, o principal embate do encontro de Estocolmo ocorreu entre os países desenvolvidos do hemisfério Norte e os países subdesenvolvidos do Sul. Enquanto os países do Norte, de modo geral, defendiam a necessidade de implementar políticas ambientais rigorosas, os países do Sul reclamavam o direito de perseguir o desenvolvimento econômico e investir na industrialização.

O mundo subdesenvolvido não demonstrou nenhum interesse em adotar mecanismos de proteção ambiental que bloqueassem as suas metas de crescimento econômico. Os representantes desses países argumentavam que o crescimento econômico era prioritário e necessário para modificar a condição social precária em que vivia boa parte dos povos do mundo.

Uma conclusão contraditória

Essas divergências levaram a resultados práticos pouco promissores. Para contemplar as diversas posições, a "Declaração de Estocolmo" estabeleceu uma carta de princípios em que os países desenvolvidos concordavam com a necessidade de transferir tecnologia e dar apoio financeiro aos países dispostos a adotarem medidas ambientais corretas. Contudo, em contradição com o próprio princípio e objetivo da conferência, considerava que a conquista do desenvolvimento econômico era uma meta tão prioritária quanto a preservação do meio ambiente.

Nesse sentido, a posição brasileira na Conferência de Estocolmo foi tristemente exemplar, ao declarar que o país abria as suas portas para a instalação das indústrias poluidoras que tanto incomodavam a população dos países do Norte. Deixava clara a idéia de que o Brasil preferia promover o crescimento econômico a qualquer custo a se dedicar a políticas ambientais.

Na verdade, o grande avanço de Estocolmo foi o de sensibilizar a sociedade mundial para os graves problemas ambientais que podiam e ainda podem colocar em risco a sobrevivência da humanidade. A criação do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - foi um de seus resultados concretos. O PNUMA passou a ser a agência da ONU responsável pela promoção de ações internacionais e nacionais relacionadas à proteção do meio ambiente.

Visões de meio ambiente

Pelo menos três concepções sobre a relação da sociedade humana com o meio ambiente, foram bem estabelecidas nessa primeira grande discussão internacional. Para começar, podemos citar o desenvolvimentismo, que defende o crescimento econômico a qualquer custo e não considera os danos ambientais nem a possibilidade de esgotamento dos recursos naturais. Essa concepção confunde crescimento econômico com desenvolvimento e estimula o consumo crescente de energia e de recursos naturais.

Em um lado totalmente oposto, encontra-se o preservacionismo, amparado na idéia de que no atual estágio do desenvolvimento da produção é necessária uma postura radical de preservação ambiental. Essa corrente teve origem nos Estados Unidos, na verdade, ainda no século 19. Ela foi responsável pela criação de importantes parques nacionais destinados à salvação da natureza original, como são os casos do Parque Nacional de Yellowstone (1872), do Sequoia Park (1890) e muitos outros. Em outras palavras, o preservacionismo defende a proteção integral de determinado ecossistema com o objetivo de garantir a sua intocabilidade.


Parque Nacional de Yellowstone, localizado nos estados de Wyoming, Montana e Idaho, EUA

Sequoia Park, situado no centro do estado da Califórnia, EUA

Já o conservacionismo é um meio termo entre as duas correntes anteriores. Admite a exploração dos recursos naturais, de forma racional e eficiente. Conservar significa, portanto, utilizar a natureza, mas garantindo a sua sustentabilidade. Não significa guardar os recursos naturais e sim consumir adequadamente: atender às necessidades do presente, levando em consideração a necessidade do uso desses recursos no futuro. A visão conservacionista tem caracterizado a maioria dos movimentos ambientalistas e tornou-se consenso entre a maioria dos países, sendo o princípio que norteia a política de desenvolvimento sustentável. 

Recursos renováveis e não-renováveis

Tanto preservacionistas quanto conservacionistas consideram que a questão ambiental não está restrita aos tipos de recursos utilizados, renováveis ou não-renováveis, e sim aos recursos naturais em geral. Recursos renováveis são aqueles que, uma vez utilizados, podem ser recuperados, como a vegetação, a água, o ar e o solo. Os recursos não-renováveis são aqueles que se esgotam, ou seja, que não podem ser repostos, como os minérios: o petróleo, o carvão, o ferro, o manganês, o alumínio e outros.

De fato, essa classificação encontra limitações, pois a exploração intensa de uma floresta, a utilização de extensas áreas para produção agropecuária ou a poluição de um rio pode levar à destruição irreversível de um ecossistema. É também o caso do ar, cuja qualidade tem sido comprometida com a emissão de gases que alteram a sua composição natural e tem provocado alterações climáticas em todo o planeta. Portanto, apesar de serem classificados como renováveis, alguns recursos não podem ser utilizados de forma inadequada sem uma atitude que vise a sua conservação em longo prazo. 

Desenvolvimento sustentável

Em 1973, um ano após a Conferência de Estocolmo foi elaborado o conceito de ecodesenvolvimento, mencionado pela primeira vez por Maurice Strong, Secretário Geral da Estocolmo/72. O ecodesenvolvimento - cujos princípios básicos foram formulados posteriormente por Ignacy Sachs - valoriza as possibilidades de um desenvolvimento capaz de criar um bem estar social, a partir das particularidades e anseios das populações locais. É contra a padronização do modelo de desenvolvimento dos países ricos ocidentais, baseado na sociedade de consumo. Propõe também a necessidade de um modelo de desenvolvimento apoiado na preservação dos recursos naturais.

Em 1983 a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela primeira-ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland. Essa comissão realizou uma ampla avaliação dos problemas ambientais relacionadas ao desenvolvimento econômico. Seu trabalho resultou na publicação de um extenso relatório intitulado "Nosso Futuro Comum", publicado em 1987 (Relatório Brundtland). Nele, ficou consolidado o conceito de desenvolvimento sustentável, apoiado em políticas conservacionistas capazes de promover o desenvolvimento, sem a dilapidação dos recursos do planeta. Enfim, um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não destrua os recursos necessários às gerações futuras.

Algumas de suas recomendações propunham a redução do uso de matérias-primas e energia, uso de fontes de energia renováveis, limitação do crescimento populacional, combate à fome, preservação dos ecossistemas, industrialização ecologicamente equilibrada, satisfação de necessidades básicas para toda a humanidade, modificação dos valores e padrões da sociedade de consumo e a responsabilidade do Estado na implementação de políticas baseadas na justiça e eqüidade social. A sua viabilização depende da inclusão de políticas ambientais no processo de tomada de decisões econômicas. 

O conceito de desenvolvimento sustentável, apoiado numa visão ética indiscutível, comprometida em preservar a natureza para as gerações futuras, tornou-se consensual em quase todo o mundo. No entanto, a sua viabilidade prática ainda precisa ser avaliada, pois é difícil definir até que ponto a exploração econômica é compatível com a manutenção de um ambiente saudável.

Enfim, o que é Desenvolvimento Sustentável? 

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.

O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?

Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.

Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.

Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?

O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.

Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.

Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondido: "...a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?"

A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento precisam mudar. Os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial devem ser reestruturados para levar em consideração o meio ambiente. 


Fonte: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/geografia/geografia_geral/economia_e_desenvolvimento/desenvolvimento_sustentavel

Previu certo, por ideias tortas

Observações de cerca de 200 mil galáxias resultam no estudo mais completo sobre a energia escura. Os dados endossam ideias de Einstein de que existe uma força no espaço agindo contra a gravidade, embora o físico a tenha postulado com outro universo em mente.
Por: Sofia Moutinho

Previu certo, por ideias tortas
Os astrônomos acreditam hoje que a expansão do universo é regulada tanto pela gravidade (grades verdes), que atrai os corpos, quanto pela energia escura (grade roxa), que os repele continuamente. (imagem: R. Hurt/ Nasa - JPL-Caltech)
Astrônomos australianos, em parceria com a Nasa – agência espacial dos Estados Unidos –, acabam de anunciar que é muito provável que um tipo de antigravidade, conhecida como energia escura, exista e seja a responsável pela expansão acelerada do universo.
A conclusão é fruto do trabalho de 26 pesquisadores do projeto The WiggleZ Surveyque, por cinco anos, vasculharam o céu com o Telescópio Anglo-Australiano à procura de dados sobre a natureza da energia escura, uma espécie de força invisível e misteriosa que responderia por 73% de toda a energia contida no universo.
“Nosso trabalho oferece as melhores provas independentes de que a energia escura é real”, afirma o líder do estudo, o astrônomo Chris Blake, da Universidade Swinburne de Tecnologia, na Austrália. “Einstein estava certo, realmente existe uma força antigravitacional”, ressalta o pesquisador, acrescentando que ela está provocando a expansão acelerada do universo.
Na década de 1910, o físico alemão Albert Einstein (1879-1955) postulou a existência de um tipo de força antigravitacional, mas não foi para provar a expansão do universo. Na verdade, Einstein estava convicto de que o universo era estático. Para isso, era preciso haver uma força que repelia os corpos e se equilibrava com a força da gravidade, fechando as contas para um universo ‘parado’. Assim, ele inseriu em suas equações a antigravidade, batizada em seguida de “constante cosmológica”.
Einstein estava certo, existe uma força antigravitacional no universo
Mesmo com a descoberta de que o universo se expande, feita pelo astrônomo estadunidense Edwin Hubble (1889-1953), em 1929, a antigravidade não foi invalidada, embora tenha sido deixada de lado – o próprio Einstein chegou a dizer que ela havia sido “o maior erro científico de sua vida”.
Anos depois, esse conceito ganhou o nome de energia escura e voltou ao cenário da física com o estudo de um grupo internacional de astrônomos em 1998. Na época, os cientistas descobriram que o universo não só se expandia, mas também o fazia de forma acelerada. Para explicar esse fenômeno, recorreram justamente à força antigravitacional de Einstein.

Olhando para o passado

Para provar o efeito da energia escura, os pesquisadores do The WiggleZ Surveycriaram o mais completo mapa tridimensional já feito das galáxias, com a ajuda do satélite Galex, da Nasa. As galáxias observadas estão tão distantes da Terra que a luz que emitem revela uma história de sete bilhões de anos atrás, tempo que os raios luminosos levam para chegar até nós.
Com um espectrógrafo acoplado ao telescópio Anglo-Australiano, os astrônomos capturaram a luz emitida pelas galáxias. Esses dados foram usados para medir a distância entre elas e a velocidade com que se afastam da Terra.
O padrão de distribuição dessas estruturas e a velocidade de distanciamento revelaram que elas estão cada vez mais separadas entre si, o que sustenta a ideia de que há uma energia repelente que atua contra a força de atração da gravidade.
Luz das galáxias
A ilustração mostra como os astrônomos mediram a expansão do universo. A luz emitida pelas galáxias das regiões mais remotas do espaço foi usada para medir as distâncias entre elas e determinar a velocidade com que se afastam umas das outras. (imagem: R. Hurt/ Nasa - JPL-Caltech)
Os pesquisadores verificaram que os resultados obtidos coincidem com o modelo cosmológico clássico que incorpora a energia escura.
“Embora a gente ainda não conheça a origem da energia escura e o porquê de ela preencher o espaço, nosso trabalho motiva novos esforços de compreensão desse material”, afirma Blake.
Mesmo com o grande esforço e entusiasmo dos pesquisadores, que coletaram uma quantidade de dados sem precedentes, ainda não é possível afirmar categoricamente que a energia escura é real. Segundo o próprio astrônomo líder do estudo, é admissível que fatores como a poeira estelar tenham afetado os resultados da análise da luz emitida pelas galáxias.
De qualquer forma, o trabalho de Blake não termina por aqui. O pesquisador e sua equipe planejam continuar o mapeamento do universo até chegar a evidências da época de sua origem, há aproximadamente 13 bilhões de anos.
Os pesquisadores planejam mapear o universo até chegar a evidências da época de sua origem
Segundo o astrônomo, o estudo da energia escura pode ainda ajudar a desvendar um dos grandes mistérios da física, que tenta explicar por que a mecânica quântica pode ser usada para descrever as quatro forças conhecidas – nuclear forte e fraca, eletromagnética e gravitacional –, exceto a última.
“O que há de errado com a gravidade?”, indaga. “Nós não sabemos, mas uma pista pode estar na observação da energia escura.”

Sofia MoutinhoCiência Hoje On-line

Enfim, reconhecidos

Dois elementos químicos artificiais e radioativos, o 114 e o 116, são incorporados àtabela periódica. A fabricação dessas partículas acelera a corrida pela criação de átomos mais estáveis que poderiam ser usados para geração de energia.
Por: Sofia Moutinho
Enfim, reconhecidos
Os mais novos integrantes da tabela periódica – que ocupam as casas 114 e 116 – ainda não foram oficialmente batizados. Por enquanto, são chamados pelos termos em latim para seus números atômicos: 'ununquadium' e 'ununhexium'. (montagem: Sofia Moutinho)
tabela periódica vai ganhar mais dois elementos. O 114 (ununquadium, em latim) e o 116 (ununhexium, em latim) foram reconhecidos esta semana pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês), depois de três anos de avaliação pelo comitê de cientistas Joint Working Party on Discovery of Elements.
Os dois elementos não são encontrados na natureza e foram criados no Joint Institute for Nuclear Research em Dubna, na Rússia, e no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, por meio da colisão de átomos em alta velocidade.
Os dois elementos não são encontrados na natureza e foram criados por meio da colisão de átomos em alta velocidade
“É muito provável que esses poucos átomos criados artificialmente sejam os únicos desses elementos que já existiram sobre a crosta terrestre”, avalia o engenheiro químico José Alberto Bonapace, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Desde 1999, muitas equipes de pesquisadores já vinham anunciando a criação do 114 em laboratório. Mas até hojenenhum desses estudos isolados havia sido repetido para provar a sua validade.
Apenas agora a Iupac reconheceu o feito, obtido pela colaboração entre os grupos da Rússia e dos Estados Unidos, que conseguiram repetir a experiência em dois laboratórios diferentes, em 2004 e 2006, e provar a criação não só do 114, como também do 116.
“O custo para manter esses laboratórios é muito grande, eles consomem energia suficiente para alimentar uma cidade do tamanho de Niterói”, comenta Bonapace. “Para que esse gasto se justifique, a busca por novos elementos é concorridíssima.”

Colisão de átomos

Para criar o 116, os cientistas usaram um acelerador de partículas para lançar um átomo de cálcio, que tem 20 prótons, contra um átomo de cúrio, que tem 96 prótons. Já para chegar ao 114, a ‘soma’ feita foi de um átomo de cálcio (20 prótons) com um de plutônio (94 prótons).
Colisão de átomos
Os elementos 114 e 116 foram criados em laboratório por meio da colisão de átomos em um acelerador de partículas. (foto: CMS/ Cern)
Os novos elementos são agora os mais pesados da tabela periódica já reconhecidos. Ambos são radioativos e só se mantêm por menos de um segundo até começar a decair, ou seja, perder partículas do núcleo e se transformar em outros elementos mais leves. O 114, por exemplo, se transforma em copernicium (112) meio segundo depois de sua criação.
Bonapace explica que, em geral, os átomos artificiais – chamados de transurânicos, por se situarem depois do urânio (que tem número atômico 92) na tabela periódica – têm um tempo de vida muito curto.
A única exceção é o plutônio-239, que leva mais de 24 mil anos até se transformar em outro elemento, o urânio-235. Produzido como resultado da queima do urânio, o plutônio-239 é uma espécie de lixo das usinas de energia nuclear.

Ilha de estabilidade

Os cientistas acreditam que a produção desses novos elementos é um primeiro passo rumo à criação de novos átomos artificiais mais estáveis, capazes de se manter em sua forma original por décadas.
Bonapace conta que químicos e físicos especulam a existência da chamada “ilha de estabilidade”, uma região da tabela periódica, depois do número atômico 118 (o último da tabela atual), em que os elementos químicos artificiais seriam mais estáveis. Esses elementos poderiam se manter por horas, meses ou até mesmo décadas sem decair.
O engenheiro químico comenta que uma das aplicações desses átomos estáveis seria a geração de energia nuclear. “O urânio um dia vai acabar e esses elementos seriam uma alternativa para a produção de energia elétrica”, aponta.
Como a quantidade de átomos produzidos foi muito pequena, nem mesmo seus criadores sabem quais são as suas propriedades
No entanto, o pesquisador ressalta que ainda não é possível afirmar que os elementos teriam realmente essa aplicação. “O uso deles ainda é uma incógnita”, diz. “O bromo, por exemplo, era usado para melhorar a qualidade da gasolina, mas ele era muito poluente e hoje é usado para fazer corantes. Já o urânio pode tanto ser usado para fabricação de armas nucleares quanto para geração de energia elétrica. Tudo depende da demanda.”
O destino dos elementos 114 e 116 é ainda mais incerto. Como a quantidade de átomos produzidos foi muito pequena, nem mesmo seus criadores sabem quais são as suas propriedades. Por enquanto, resta a eles dar nome próprio aos novos elementos. A tradição sugere que serão escolhidos nomes de cientistas para batizá-los. Façam suas apostas!

Sofia Moutinho

Ciência Hoje On-line