Rádio Extraclassse Kolping

domingo, 18 de março de 2012

Ficha Limpa - Lei já vale para eleições de 2012


José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação 
Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no último dia 16 de fevereiro, que a Lei da Ficha Limpa é constitucional e que valerá para as eleições municipais deste ano. O resultado do julgamento pôs fim a quase dois anos de batalhas jurídicas para que a lei pudesse vigorar no país.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

A Ficha Limpa tornou mais rigorosos os critérios que impedem políticos condenados pela Justiça de se candidatarem. Por sete votos a quatro, o Supremo aprovou a aplicação integral da nova legislação, que terá, inclusive, alcance para condenações anteriores a 4 de julho de 2010, data em que foi sancionada pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Diferente da maioria das leis – que são elaboradas pelos próprios congressistas – a Ficha Limpa surgiu por iniciativa popular. O projeto contou com a assinatura de mais de 1,6 milhão de brasileiros, e foi a pressão do povo que fez com que fosse votado e aprovado na Câmara dos Deputados e noSenado Federal.

Na ocasião, a proposta de mudança na legislação eleitoral foi comemorada como uma vitória da democracia. A Ficha Limpa era vista como um mecanismo de combate à corrupção política no Brasil.

Na prática, porém, nem tudo estava resolvido. Alguns pontos da nova lei se chocavam com a Constituição Federal, como o princípio de anuidade e o princípio da inocência presumida. Em casos assim, cabe ao STF julgar a legitimidade.

Mas enquanto o STF não se pronunciava, permaneciam incertezas. Em 2010 foram eleitos presidente, governadores, deputados e senadores. Ao todo, 149 candidatos foram impedidos de tomar posse devido a condenações judiciais, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 23 de março do ano passado, o STF se pronunciou quanto ao princípio da anuidade. De acordo com a Constituição, qualquer mudança na legislação eleitoral só é válida se for promulgada um ano antes das eleições. Como a Ficha Limpa havia sido sancionada naquele mesmo ano, os ministros do Supremo decidiram que a lei só valeria para 2012.

Como resultado, os candidatos barrados tiveram o direito de assumir as vagas. Isso alterou as bancadas no Congresso Nacional e em Assembleias Legislativas dos Estados. No Senado, por exemplo, Jader Barbalho (PMDB-PA), que havia renunciado em 2001 para evitar a cassação, pode tomar posse no lugar de Marinor Brito (Psol-PA).

Faltava ainda a palavra final do Supremo a respeito de recursos que questionavam outros aspectos da constitucionalidade da lei.
 

Moral

Os ministros do STF primeiro discutiram se a Ficha Limpa não contrariava o princípio da inocência, previsto do artigo 5o da Constituição e aplicado ao direito penal. Este artigo afirma que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Trânsito em julgado é uma expressão judicial que se aplica a uma sentença definitiva, da qual não se pode mais recorrer. Em geral, ocorre quando já se esgotaram todos os recursos de apelação.

Um processo cível ou criminal começa a ser julgado no Fórum da cidade, onde acontece a decisão de primeira instância, que é a sentença proferida por um juiz. Se houver recurso, o pedido é analisado por juízes do Tribunal de Justiça dos Estados. Há ainda a possibilidade de apelar a uma terceira instância, que pode ser tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto, em se tratando de artigos da Constituição, o STF.

Antes de a Ficha Limpa entrar em vigor, de acordo com a Lei Complementar no 64, de 1990, somente quando esgotados todos esses recursos o político que responde a processo poderia ser impedido de se candidatar. A lentidão do andamento de processos, que levam até uma década para serem concluídos, acabava beneficiando políticos corruptos.

Já a Ficha Limpa impede a candidatura por oito anos de políticos condenados por um órgão colegiado (com mais de um juiz, como o Tribunal de Justiça), que tiverem mandato cassado ou que tiverem renunciado para evitar a cassação (como no caso do senador Jader Barbalho). Os ministros do Supremo entenderam que a inocência presumida se restringe ao direito penal, ou seja, ela não se aplica às leis eleitorais.

Em geral, os ministros do STF basearam a decisão no princípio constitucional da moralidade administrativa. Eles consideraram que o histórico ético de um candidato é fundamental para evitar casos de corrupção na política brasileira. O consenso sobre isso é que, independente da lei, a melhor forma de excluir maus políticos, num regime democrático, ainda é a consciência do cidadão.
*José Renato Salatiel é jornalista e professor universitário. 

Câncer - A doença por trás do mito


José Renato Salatiel* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

No final dos anos 1970, a escritora norte-americana Susan Sontag (1933-2004) escreveu um ensaio, intitulado “A Doença como Metáfora”, no qual analisava mitos e tabus envolvendo o câncer. Na época, a doença era considerada uma sentença de morte e, não raro, associada a uma punição divina para uma vida de pecados – da mesma forma como seria a Aids, na década seguinte – ou resultado de emoções reprimidas pelo doente.


Nas três últimas décadas, avanços na medicina, campanhas governamentais e o acesso a informações mudaram a maneira de as pessoas verem a doença. O câncer deixou de ser um estigma social, cuja mera menção da palavra era evitada entre as famílias e até ocultada do próprio paciente.

O drama dos doentes ganhou rostos conhecidos quando políticos, artistas, atletas e outras figuras públicas revelaram sofrer da enfermidade. Mais recentemente, a imprensa passou a acompanhar os casos de cânceres que afligiram o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, o presidente venezuelanoHugo Chávez, o ator Reynaldo Gianecchini e a apresentadora de TV Hebe Camargo.

Lula foi diagnosticado com um tumor na laringe em outubro do ano passado e, desde então, faz tratamento contra a doença. Seu colega venezuelano, Hugo Chávez, também foi tratado de um tumor, localizado na região pélvica, em duas operações realizadas em Cuba. No Brasil, fãs acompanharam o esforço de cura do ator Reynaldo Gianecchini, vítima de um linfoma, e de Hebe Camargo, submetida a cirurgias para retirada de tumores no intestino e na região do aparelho digestivo.

Os tumores não diferenciam homens ou mulheres, jovens ou velhos, negros ou brancos, ricos ou pobres, famosos ou pessoas comuns. Qualquer um pode ser vítima da moléstia. Hoje, apesar de a cura universal ser um desafio para os cientistas, há formas de tratamento que diminuem o sofrimento dos pacientes. Novos remédios, vacinas e o campo de pesquisas aberto pela biologia genética oferecem melhores perspectivas aos doentes.
 

Mal da modernidade

O termo câncer, na verdade, se refere a um conjunto de diferentes doenças (mais de 100) caracterizadas pelo crescimento desordenado de células, que pode ocorrer em qualquer parte do corpo. Esse processo forma os tumores malignos, que destroem o tecido afetado e pode se espalhar para outros órgãos – a chamada metástase, que é a principal causa de morte entre pacientes com câncer.

A doença é conhecida desde a Antiguidade, mas os números de casos começaram a aumentar e a chamar a atenção dos governos nos anos 1970. Por volta desse período, a urbanização e industrialização das sociedades, ao mesmo tempo em que elevaram a expectativa de vida da população mundial, causaram uma epidemia de câncer.

O envelhecimento é um dos fatores de desenvolvimento da doença, pois, com a idade avançada, há uma diminuição natural da capacidade do organismo de reparar células defeituosas. Além disso, o morador de cidades fica mais exposto a outros agentes cancerígenos, como poluição, radiação, fumo e má alimentação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é hoje uma das principais causas de mortes no mundo, sobretudo em países em desenvolvimento. Em 2008, 7,6 milhões de pessoas morreram de câncer (13% do total de mortes no planeta). Os tipos mais letais são os cânceres de pulmão, fígado, cólon e mama. E o número de casos continuará crescendo, uma vez que a OMS estima 13,1 milhões de óbitos em 2030.

No Brasil, as mortes por cânceres só são superadas por doenças do coração e por causas violentas (acidentes de trânsito e homicídios).

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) apontam que este ano, no Brasil, serão diagnosticados 518 mil novos casos. Os mais comuns são o câncer de pele do tipo não melanoma (considerado mais grave), de próstata, de mama feminina, cólon e reto, pulmão, estômago e colo do útero. Em 2009 ocorreram 164 mil mortes no país, 88 homens e 76 mil mulheres.
 

Fatores de risco

A doença não é contagiosa. Ela pode ter causas genéticas ou adquiridas por agentes físicos, como a radiação; químicos, como os componentes do cigarro; ou biológicos, como infecções causadas por vírus ou bactérias.

De acordo com a OMS, 30% das mortes por câncer poderiam ser evitadas. Elas são provocadas por maus hábitos, como uso de álcool e fumo, e estilo de vida, como o consumo de alimentos prejudiciais à saúde e sedentarismo. Os demais fatores, principalmente os genéticos, são uma “loteria” da natureza.

O fumo é o maior fator de risco, pois os tumores malignos associados a ele – de pulmão, laringe, boca e esôfago, entre outros – causam 22% das mortes de câncer no mundo. O fumo também é responsável por 71% das mortes por câncer nos pulmões.

De modo geral, a mortalidade por câncer pode ser reduzida com a detecção e tratamento nos primeiros estágios da doença. Por isso, o governo brasileiro promove campanhas contra o câncer de mama, por exemplo, que possui uma alta porcentagem de cura quando diagnosticado na fase inicial, por um médico ou por meio do autoexame.

O tratamento, para curar ou prolongar a vida do paciente, inclui a cirurgia para remoção de tumores, radioterapia e quimioterapia. Na radioterapia são usadas radiações para destruir o tumor, impedindo que se espalhe pelo organismo. Na quimioterapia são empregados medicamentos, aplicados, na maioria dos casos, na veia do paciente. Em alguns tipos de cânceres que afetam as células do sangue é feito o transplante de medula óssea.

Os avanços nas pesquisas médicas melhoraram muito os tratamentos, reduzindo os efeitos colaterais e aumentando muito as chances de cura. Surgiram vacinas e testes genéticos para casos específicos, de origem infecciosa e hereditária.

Ainda que não haja como erradicá-la, dadas a diversidade e complexidade do mal, o homem passou a enxergar a doença por trás do mito. Como disse Sontag, citada no começo deste texto, deixou-se de ver o câncer como “uma maldição, um castigo, uma vergonha”, para vê-lo “apenas como uma doença, uma doença muito grave, mas apenas uma doença”.

Chamadas - Prosel 2012.1

Convocações em segunda chamada




Fonte: http://www2.uefs.br:8081/prosel/index.php/prosel121/resultados