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domingo, 26 de agosto de 2012

Teste de farmácia


Aprovado em julho nos Estados Unidos, exame de HIV caseiro apresenta o diagnóstico em menos de uma hora e estará disponível para venda até o final do ano naquele país. No Brasil, seu uso está restrito à comunidade médica.
Por: Cássio Leite Vieira
Publicado em 21/08/2012 | Atualizado em 21/08/2012
Teste de farmácia
Kit para o teste de HIV. O procedimento é rápido e simples: basta colher material da gengiva para, de 20 a 40 minutos depois, obter o resultado. Quanto antes o diagnóstico da Aids, melhor o prognóstico. (foto: Flickr/ StreetSense – CC BY-NC-SA 2.0)
Foram anos de controvérsia. E um dos motivos era o seguinte: se o resultado for positivo, quem dará apoio psicológico à pessoa que acabou de se submeter ao teste? E se ele fizer bobagem, como tentar se matar? Exagero?
Reportagem do New York Times relata que o clima era mais ou menos esse no início da epidemia de Aids, na década de 1980. A mídia disseminava casos de pessoas que se suicidavam depois de saber que eram soropositivas. Na época, temia-se ser estigmatizado como homossexual ou usuário de droga injetável.
No início, as maiores vítimas, nos EUA, diz o jornal, eram do grupo dos quatro ‘H’: hemofílicos, heroína (usuários de) e haitianos, seguidos por homossexuais masculinos.
Se o portador iniciar o uso do coquetel contra a Aids logo após ser infectado, as chances são de mais ou menos 95% de que não transmita o vírus para outros
À época, governo e entidades de grupo de risco achavam que um teste caseiro poderia levar a onda de suicídios pelo país. Agora, após quase sete anos de análise, o FDA (órgão que regulamenta medicamentos e alimentos nos EUA) liberou teste para venda em farmácias.
O procedimento é rápido e simples: basta colher material da gengiva, esfregando-a com um tipo de cotonete, para, de 20 a 40 minutos depois, obter o resultado.
Por que isso é bom? Se o portador iniciar o uso do coquetel contra a Aids logo após ser infectado, as chances são de mais ou menos 95% de que não transmita o vírus para outros. Além disso, o prognóstico dele é também bem melhor quando o tratamento começa cedo.
Mais: hoje, com as drogas disponíveis, Aids não é mais sentença de morte. É uma doença que, como o diabetes, tem que ser controlada. 

Os ‘poréns’

O teste – de nome comercial OraQuick – é preciso. Mas tem lá seus reveses. Uma em cada 12 pessoas pode ter um falso negativo. As chances de falso positivo são bem menores, sendo um para cerca de 5 mil pessoas.
Mas o maior problema, porém, é a chamada ‘janela temporal’. Explicando: uma pessoa leva cerca de três meses para desenvolver anticorpos para a Aids – e são esses anticorpos que são detectados no teste agora aprovado. Portanto, será preciso conviver com esse torturante período de dúvida. Nesse caso, o melhor é mesmo procurar ajuda de um profissional ou centro de tratamento, para aconselhamento sobre a melhor estratégia a adotar.
O teste é só um primeiro passo para o diagnóstico
Outra coisa importante: o teste é só um primeiro passo para o diagnóstico. Ou seja, se der positivo, a pessoa terá que necessariamente confirmar o resultado com teste de maior precisão, feito apenas por médicos ou em hospitais.
Nos EUA, o teste estará disponível no final deste ano, em dezenas de milhares de farmácias, bem como lojas de conveniência e vendas on-lineNo Brasil, seu uso está restrito à comunidade médica.
A fabricante não revelou ainda o preço, mas disse que sairá por pouco mais que 17,50 dólares (cerca de R$ 35), valor com que é vendido para consultórios médicos. A empresa alega que, para a versão vendida ao público, as despesas com embalagem e outros serviços elevarão esse valor.
Por lá, menores de 17 anos não poderão comprá-lo. Motivo: pouquíssimos adolescentes entre 14 e 17 anos foram testados na fase de avaliação do kit. A contradição apontada pelo jornal: meninas não precisam apresentar identidade para comprar testes de gravidez. A saída, em qualquer parte do mundo, é conhecida: pedir a um adulto que compre o teste.

Cássio Leite VieiraCiência Hoje/ RJ

Encontradas Primeiras Evidências de Fotossíntese em Insetos


Pulgões podem ter sistema simples para coleta e transformação de energia solar

Kathryn Lougheed e Nature

Maine.gov

A biologia dos afídeos, conhecidos também como pulgões, é exótica: eles podem nascer gestantes e às vezes os machos não têm bocas, o que os leva à morte pouco após a cópula. Em adição à lista de excentricidades, um trabalho publicado semana passada indica que eles talvez possam capturar luz solar e usá-la com propósitos metabólicos.

Os afídeos são únicos por terem a capacidade de sintetizar pigmentos chamados carotenoides. Muitos animais dependem desses pigmentos para diversas funções, como manter o sistema imune saudável e produzir certas vitaminas, mas precisam obtê-los por meio da dieta. Agora o entomologista Alain Robichon, do Instituto Sophia de Agrobiotecnologia em Sophia Antipolis, na França, e seus colegas sugerem que, nos afídeos, esses pigmentos podem absorver luz do Sol e transferi-la para o maquinário celular envolvido na produção de energia.

Ainda que sem precedentes em animais, essa capacidade é comum em outros Reinos. Plantas e algas, além de certos fungos e bactérias, também sintetizam carotenoides – e em todos esses organismos os pigmentos formam parte do sistema fotossintético.


Coletores domésticos

Aproveitando a descoberta de 2010 de que os altos níveis de carotenoides encontrados em afídeos são produzidos pelos próprios insetos, Robichon e sua equipe decidiram investigar por que os pulgões produzem químicos que exigem tanto do metabolismo.

Os carotenoides são responsáveis pela coloração dos afídeos, o que determina o tipo de predador que pode vê-lo. A pigmentação corporal dos pulgões criados em laboratório por Robichon é afetada por condições ambientais: insetos verdes no frio e alaranjados em condições padrões. Quando a população é grande e os recursos limitados eles são brancos.


Quando os pesquisadores mediram os níveis de ATP dos afídeos – responsável pela transferência de energia em seres vivos – os resultados foram marcantes. Os insetos verdes, com altos níveis de carotenoides, produzem significativamente mais ATP que os brancos, que são quase destituídos desses pigmentos. Além disso, a produção aumentou quando os pulgões alaranjados – com uma quantidade intermediária de carotenoides – foram colocados à luz, e caiu ao serem transferidos para o escuro.

Em seguida, os pesquisadores extraíram e purificaram os carotenoides dos afídeos alaranjados, demonstrando que esses pigmentos são responsáveis pela absorção de luz e transferência de energia.

Maria Capovilla, uma das autoras do estudo e também entomologista, do Instituto Sophia, ressalta que são necessárias mais pesquisas antes de os cientistas terem certeza de que os afídeos realmente fazem fotossíntese, mas as descobertas levantam essa possibilidade. E a maneira como as moléculas de caroteno se organizam nos insetos dá peso a essa hipótese: os pigmentos formam uma camada que fica entre 0 e 40 micrômetros abaixo da cutícula dos animais, o que os deixa em posição perfeita para capturar a luz do Sol.

Nancy Moran, geneticista de insetos da Yale University em West Haven, em Connecticut, responsável pela descoberta original de que afídeos têm genes para a produção de carotenoides, aponta que há muitas perguntas sem respostas. “A produção de energia parece ser o menor dos problemas de um afídeo – sua dieta tem açúcar em excesso e eles não conseguem usar a maior parte disso”, explica ela.

O argumento leva à pergunta de por que os afídeos precisariam fazer fotossíntese. Segundo Maria, talvez o processo funcione como um sistema de emergência que poderia ajudar em momentos de estresse ambiental, como no período de migração para uma nova planta hospedeira.