Rádio Extraclassse Kolping

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mundo em 2012: Eleições decidem futuro de Obama, Sarkozy e Putin

José Renato Salatiel*


O mundo não vai acabar em 2012, dizem os cientistas, contrariando interpretações obtusas do Calendário Mesoamericano. Este ano, porém, será decisivo para alguns dos principais líderes mundiais, que devem enfrentar o veredicto das urnas em mudanças que, estas sim, terão impacto sobre o planeta.


Para se ter uma ideia da importância dos pleitos do ano, dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – um dos mais prestigiados e poderosos órgãos internacionais –, apenas o Reino Unido não terá seu governante, o premiê britânico David Cameron, submetido ao teste de fogo do eleitorado. Todos os demais integrantes do conselho, Estados Unidos, França, Rússia e China, realizarão eleições cruciais para o futuro político de presidentes e primeiros-ministros.



Dois presidentes, o americano Barack Obama e o francês Nicolas Sarkozy, devem tentar a reeleição. Mas ambos estão com a popularidade em baixa, por conta da crise financeira nos Estados Unidos e na Zona do Euro.



Na Rússia, os planos de sucessão do premiê Vladimir Putin, há mais de uma década no poder, ficam cada vez mais improváveis diante das manifestações contra a corrupção que agitam Moscou. E na China, o regime comunista prepara uma renovação de 70% da cúpula partidária que governa o país há 62 anos.



Casa Branca

A disputa pela Casa Branca já começou e será acirrada. O processo eleitoral nos Estados Unidos é complexo (começa um ano antes das eleições) e polarizado entre dois partidos, o Democrata e o Republicano.



Neste ano, dois fatores tornam a escolha imprevisível. De um lado, os índices de aprovação de Barack Obama têm oscilado, gerando incertezas quando ao voto de confiança do eleitorado americano para mais um mandato.



Quando foi eleito, há três anos, havia muitas expectativas quanto às mudanças de rumo do país, sobretudo na área econômica, afetada por gastos militares com duas guerras no Iraque e no Afeganistão. A estagnação econômica e a falta de soluções em curto prazo abalaram a reputação do democrata.



Já os republicanos (segundo fator) não possuem, ainda, um nome forte para concorrer à Presidência. Na primeira prévia, realizada no Estado de Iowa em 3 de janeiro, dois pré-candidatos saíram como os mais cotados para concorrer ao cargo: Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, e Rick Santorum, ex-senador pelo Estado da Pensilvânia.



Em agosto, o Partido Republicano indicará o candidato de oposição e os democratas devem confirmar a candidatura de Obama. A eleição será em 6 de novembro. Além de presidente, os americanos escolherão senadores e deputados federais (Câmara dos Representantes).


Direita

A política também deve dominar Paris, onde, em meio à crise dos débitos na Europa, os franceses elegerão presidente e representantes da Assembleia Nacional. As eleições presidenciais acontecem em 22 de abril e 6 de maio, e as Legislativas, em 10 e 17 de junho.



Sarkozy foi eleito em 2007 pelo partido União por um Movimento Popular (UMP), de centro-direita, após derrotar os socialistas. O cenário político começou a mudar em setembro do ano passado, quando o governo perdeu a maioria no Legislativo. Foi a primeira vez, desde 1958, que a esquerda francesa conseguiu 175 das 348 cadeiras do Senado.



Em outubro, o socialista François Hollande foi escolhido candidato pela oposição, após a candidatura de Dominique Strauss-Kahn ter desmoronado em razão do escândalo sexual envolvendo o ex-diretor do FMI.



Desde então, as pesquisas de opinião têm dado vantagem a Hollande, apesar de a diferença ter diminuído nos últimos meses. O maior inimigo de Sarkozy nas urnas, entretanto, é a crise na Eurozona, que já derrubou nove governantes.



Outro líder que pode estar com os dias contados é Vladimir Putin. Desde dezembro, o Kremlin é alvo de protestos em razão de denúncias de fraudes nas eleições parlamentares. O partido de Putin (Rússia Unida) saiu vitorioso sobre os comunistas, mesmo com o aumento de cadeiras ocupadas pela oposição na Duma (parlamento russo).



Há 12 anos no poder, Putin era o favorito para as eleições presidenciais de 4 de março, quando apenas trocaria de cargo com o presidente Dmitri Medvedev. Protestos contra a corrupção no governo podem agora decretar o fim da hegemonia do Rússia Unida.


China

Nada de votos nem debates públicos. Na China, a alternância de poder será consolidada no 18o Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado entre outubro e novembro próximos.



Nessa ocasião, o presidente Hu Jintao e primeiro-ministro Wen Jiabao serão substituídos no comando do partido por, respectivamente, Xi Jinping e Li Keqiang. E, a partir de maio de 2013, sucedidos também em seus respectivos cargos políticos. Um total de sete dos nove membros do alto escalão devem ser trocados.



A mudança na cúpula partidária na China é esperada com expectativa pelo Ocidente. O PC chinês sobreviveu à derrocada do comunismo no final dos anos 1980, adotando a economia capitalista. Mas, diferente da Rússia, manteve o Estado centralizador, alvo de constantes críticas por parte das nações democráticas.


Direto ao ponto

Dois mil e doze será um ano eleitoral decisivo para a política mundial. Dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, apenas o Reino Unido não terá seu líder, o premiê britânico David Cameron, submetido ao veredicto das urnas. Todos os demais integrantes do conselho, Estados Unidos, França, Rússia e China, passarão por processos eleitorais.

Nos Estados Unidos, a disputa pela Casa Branca será acirrada. A reeleição de Barack Obama é ameaçada pela queda nos índices de popularidade entre os americanos, enquanto os republicanos ainda escolhem o candidato de oposição.

O presidente francês Nicolas Sarkozy encontra dificuldades semelhantes no caminho do segundo mandato. Contra ele concorre o socialista François Hollande, primeiro colocado nas pesquisas de opinião, e o palco conturbado da crise dos débitos na Zona do Euro.

Na Rússia, os planos de sucessão do premiê Vladimir Putin, há mais de uma década no poder, são contrariados por protestos contra a corrupção, que se espalham pelo país desde dezembro. Já na China o 18o Congresso do Partido Comunista substituirá toda a cúpula do poder e preparará a saída do presidente Hu Jintao e do premiê Wen Jiabao, em 2013.



Saiba mais

Virada no jogo: como Obama chegou à Casa Branca (Intrínseca): John Heilemann e Mark Halperin revelam os bastidores da corrida presidencial norte-americana em 2008.

Trabalho Interno (2010): documentário vencedor do Oscar que explica as causas da crise econômica de 2008.

*José Renato Salatiel é jornalista e professor universitário.

Operação na cracolândia: As pedras no meio do caminho

José Renato Salatiel*



Desde o dia 3 de janeiro a Polícia Militar realiza uma operação para combater o tráfico de drogas e dispersar viciados da região conhecida como cracolândia, no centro da cidade de São Paulo.


O objetivo do Estado é dificultar o acesso às drogas pelos dependentes, forçando-os a procurar ajuda especializada para deixarem o vício. A estratégia, chamada “dor e sofrimento”, consiste em impedir a venda e o uso de drogas, por meio da ocupação policial, e, com isso, obrigar os usuários a buscarem apoio junto à rede municipal de saúde e assistência social.


A eficácia do cerco, entretanto, vem sendo questionada por especialistas em segurança pública e saúde. Um dos pontos criticados é que a “limpeza” não resolveria o problema. Os frequentadores do local estariam apenas sendo deslocados para outros bairros da região. O Ministério Público também investiga possíveis abusos por parte da PM.


Em dez dias de operação, 69 pessoas foram presas (a maioria, pequenos traficantes), 152 usuários foram encaminhados para unidades de tratamento e 3.607 pessoas revistadas, de acordo com o balanço da PM. A maior apreensão ocorreu no dia 12, quando uma mulher foi detida com 16 mil pedras de crack.


Nesse mesmo período, 50 crianças foram recolhidas das ruas, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social. Elas foram encaminhadas ao serviço de saúde pública, para tratamento, ou a abrigos, conselhos tutelares e suas famílias. A ocupação é por tempo indeterminado.


Euforia

O crack é uma droga de alto poder viciante, composta de pasta de cocaína e bicarbonato de sódio. Vendida em forma de pedra e fumado em cachimbo, a substância produz um efeito de euforia que dura alguns minutos, ao fim dos quais o usuário sofre depressão e é levado a consumir mais.


A droga surgiu nos Estados Unidos nos anos 1980. Em 1990 o prefeito de Washington, Marion Barry, foi preso por uso e porte de crack. Desde então, o país conseguiu reverter os índices de criminalidade associados ao entorpecente, com medidas policiais, de saúde e campanhas educativas.


No Brasil, o crack se popularizou nos anos 1990 (a primeira apreensão ocorreu em 1991). Ele se espalhou rapidamente por ser mais barato que a cocaína, ter uma produção doméstica e por ser consumido mais facilmente, dispensando o uso de seringas. O país tem hoje estimados 1,2 milhão de usuários.


Uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com o Governo Federal, apontou a existência de 29 cracolândias em 17 capitais brasileiras, que se movem de acordo com as investidas da polícia e o confronto entre traficantes. Nenhuma delas, contudo, possui as dimensões da existente em São Paulo.




Boca do lixo

A cracolândia existe há 20 anos no bairro da Luz e imediações, no centro da capital. O local é frequentado diariamente por cerca de 400 pessoas, mas a população flutuante chega a mais de 2 mil.

A “boca do lixo” ficou conhecida nos anos 1960 por concentrar produções de cinema brasileiro. Era um lugar de boemia, casas de jogos, prostituição e tráfico, que proliferou com a conivência do Estado.


Nos anos 1990 houve um pico de violência urbana em São Paulo, com chacinas em bairros de periferia. Entre as vítimas dessas matanças estavam os “noias”, como são chamados os viciados em crack. Eles eram mortos por furtarem objetos nas comunidades em que viviam (para sustentar o vício), por delatarem traficantes ou acumularem dívida junto ao tráfico.


Os “noias” então buscaram refúgio no centro, que acabou se tornando um território livre para o consumo e a venda ilegal de drogas. Diferente das periferias, onde a venda de drogas é controlada por facções criminosas, na cracolândia o comércio ocorre de forma indiscriminada. Essa facilidade de acesso, combinada com o uso “liberado” em imóveis abandonados ou nas ruas, fez surgir a cracolândia.


Soluções

Nos últimos anos, houve uma tentativa mais sistemática de resolver o problema. A Prefeitura de São Paulo lançou o programa Nova Luz, para revigorar a região central e atrair investimentos imobiliários. Entre as medidas adotadas estão a isenção de IPTU, para estimular a reforma de fachadas, e a desapropriação de imóveis.


Outras providências do governo incluem o fechamento de bares e hotéis ligados ao tráfico, o encaminhamento de moradores de rua para programas assistenciais e o reforço do policiamento nos bairros.


Em dezembro, a presidente Dilma Rousseff (PT) lançou um programa “Crack, é possível vencer”, com investimentos de R$ 4 bilhões, aplicados até 2014, em ações de prevenção, tratamento médico e ações de repressão ao tráfico. Estão previstas a ampliação da oferta de tratamento aos usuários e a criação de enfermarias especializadas em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), com leitos exclusivos para usuários. Além disso, serão oferecidos cursos de qualificação profissional e feitas campanhas preventivas nas escolas.


Direto ao ponto

A Polícia Militar realiza desde 3 de janeiro uma operação para combater o tráfico de drogas e dispersar viciados da região conhecida como cracolândia, no centro da cidade de São Paulo.

A estratégia consiste em dificultar o acesso às drogas pelos dependentes, forçando-os a procurar ajuda especializada para deixarem o vício. A eficácia do cerco, entretanto, vem sendo questionada por especialistas. Eles criticam a suposta violência policial e a expulsão dos dependentes sem que o problema seja, de fato, resolvido.


O crack é uma droga de alto poder viciante, composta de pasta de cocaína e bicarbonato de sódio. A droga surgiu nos Estados Unidos nos anos 1980. Em 1990, a substância se popularizou no Brasil, por ser mais barata que a cocaína e consumida mais facilmente.


A cracolândia existe há 20 anos no bairro da Luz, no centro da capital. O local é frequentado diariamente por cerca de 400 pessoas, mas a população flutuante chega a 2 mil.


Em dezembro, o Governo Federal lançou um programa de combate à dependência do crack. Estão previstos investimento de R$ 4 bilhões até 2014, em ações de prevenção, tratamento médico e repressão ao tráfico.



Saiba mais

Retrato de um Viciado Quando Jovem (Companhia das Letras): relato do americano Bill Clegg, um ex-viciado em crack, a respeito de sua experiência com o uso da droga.


Kids (1995): filme sobre grupo de adolescentes americanos que consome drogas e pratica sexo sem segurança.


Crack, é possível vencer: site da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas com informações sobre o crack e formas de tratamento:

Fonte: http://educacao.uol.com.br/atualidades/operacao-na-cracolandia-as-pedras-no-meio-do-caminho.jhtm

Crise do Euro - União monetária faz dez anos na Europa


José Renato Salatiel*


Há dez anos, em 1o de janeiro de 2002, entrou oficialmente em circulação o euro, a moeda única corrente em países que compõem a União Europeia (UE). Na época, o lastro monetário simbolizava a integração do continente que, no século 20, enfrentou duas guerras mundiais e uma divisão ideológica que quase provocou uma terceira. Hoje, porém, o euro é sinônimo de incertezas, numa crise que ameaça a futuro da segunda maior economia do planeta.

A Eurozona é composta por 17 dos 27 Estados-membros da União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. Na ocasião em que o euro foi instituído, Dinamarca, Suécia e Reino Unido optaram por não aderir ao projeto e mantiveram suas moedas locais.


O euro é usado diariamente por 332 milhões de europeus. A moeda também é a segunda maior reserva monetária internacional e a segunda maior comercial, atrás somente do dólar americano.


Apesar disso, a Europa enfrenta desde 2009 uma crise de débitos que ameaça a estabilidade do bloco, obrigando os governos a fazer reformas impopulares. Em 2012, o desafio dos líderes europeus será manter todos os países integrantes da Zona do Euro, de modo a impedir o enfraquecimento da aliança.



Desde 1999, a moeda que passou a ser usada pelos europeus há uma década já era corrente entre os mercados financeiros. Nesse ano, os governos aboliram moedas locais como o marco alemão, a lira italiana, a peseta espanhola e o franco (belga e francês) nas transações comerciais entre países. O objetivo era unir mais as nações, em um bloco com maior representação política, e gerar mais desenvolvimento econômico, pois o sistema monetário integrado facilitaria o comércio e os negócios entre os países.



Nos primeiros anos, tudo caminhava bem e os europeus estavam entusiasmados com a novidade. E, mesmo não correspondendo às projeções mais otimistas, houve crescimento de até 15% na economia da UE. Outro benefício da adoção da moeda única foi o controle da inflação, que em média não ultrapassa os 2%. Empresas também pouparam dinheiro com os custos de transações cambiais – somente na indústria automobilística, a economia chegaria a 500 milhões de euros por ano.


Grécia

Os problemas começaram com a crise econômica de 2008, que atingiu o “calcanhar de Aquiles” da Zona do Euro. Em uma década de moeda única, não houve uma política fiscal comum que regulasse o mercado, deixando o sistema exposto a especulações de alto risco e endividamento desmedido dos Estados.


O colapso iniciou-se na Grécia, berço da democracia ocidental. O país gastou muito além do que seu orçamento permitia em programas sociais, na folha de pagamento dos servidores públicos, em pensões e outros benefícios. Para pagar as contas, o Estado adquiriu empréstimos junto a instituições bancárias.



A dívida pública grega atingiu 124,9% do PIB (Produto Interno Bruto), mais do que o dobro permitido na Eurozona (60%). O déficit no orçamento, isto é, a diferença de quanto o país gasta e quanto arrecada, correspondia a 13,6% do PIB grego em 2009, índice mais de quatro vezes a porcentagem tolerada de 3%.



A crise atingiu outros países da Zona do Euro, que também estão em condições fiscais debilitadas, como Irlanda (déficit de 14,3% do PIB), Espanha (11,2%) e Portugal (9,4%). Os déficits orçamentários desses governos, que tiveram de socorrer a economia injetando recursos públicos durante a crise e sofreram queda de receitas, são os piores desde o período da Segunda Guerra Mundial.



Além disso, a ameaça de anunciarem “calotes” em suas dívidas causou desconfiança nos mercados. Como consequência, tornou-se mais difícil para empresas e governos refinanciarem suas dívidas, aprofundando a recessão no bloco. Em 2010, no auge da crise, o euro acumulou perdas de 14% perante o dólar.



Os Estados enfrentaram a situação com programas e pacotes de estímulo ao mercado. Entre as medidas, algumas impopulares, como aumento dos impostos e corte em programas sociais, que afetaram o modelo de justiça social do capitalismo europeu.





Política

Atingida no bolso, a população reagiu com protestos em toda a Europa, alguns mais organizados, como o movimento dos “Indignados” na Espanha. Na esteira da crise, nove presidentes e primeiros-ministros foram destituídos do cargo, entre eles o premiê grego George Papandreou e o italiano Silvio Berlusconi.



No plano político, a Europa parece também ter regredido. A insatisfação com a economia fez também ressurgir partidos de direita e grupos de extrema direita, aprofundando divisões ideológicas. Ainda que compartilhem moeda, bandeira e instituições em comum, cisões entre governos mostram que falta unidade política aos europeus, pondo em risco o plano de integração.



A despeito de todos os problemas, o risco do fim do euro é mínimo, pois os prejuízos seriam compartilhados por todos. Se a moeda fosse abolida, poderia haver uma valorização muito grande de moedas nacionais fortes como o marco alemão. Isso prejudicaria as exportações da Alemanha, gerando desemprego em massa no país. Mesmo a saída de algum membro, como a Grécia, é algo que se tenta evitar a todo o custo, pois afetaria a estabilidade do bloco.





Direto ao ponto

Há dez anos, em 1o de janeiro de 2002, entrou oficialmente em circulação o euro, a moeda única corrente em países que compõem a União Europeia (UE). O lastro monetário simbolizava a integração do continente que, no século 20, enfrentou duas guerras mundiais e uma divisão ideológica que quase provocou uma terceira.



A Eurozona é composta por 17 dos 27 Estados-membros da UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. A moeda é usada diariamente por 332 milhões de europeus. O euro também é a segunda maior reserva monetária internacional e a segunda maior comercial, atrás somente do dólar americano.


A moeda que passou a ser usada pelos europeus, há uma década já era corrente entre os mercados financeiros desde 1999. Nesse ano, os governos aboliram moedas locais nas transações comerciais entre países. O objetivo era unir mais as nações e gerar mais desenvolvimento econômico.


Apesar disso, a Europa enfrenta desde 2009 uma crise de débito que ameaça a estabilidade do bloco, obrigando os governos a fazerem reformas impopulares que já derrubaram nove líderes político nos últimos três anos. Em países como Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, a dívida pública e o déficit no orçamento ultrapassam em muito os limites estabelecidos para a Eurozona.





Saiba mais

O Euro (Publifolha): livro de Silvia Bittencourt que explica o processo de implantação do euro e suas consequências para a União Europeia.


O Dia Antes do Fim (2011): filme que conta a história de funcionários de uma empresa de investimentos que descobrem a crise econômica, um dia antes de ela começar nos Estados Unidos.

*José Renato Salatiel é jornalista e professor universitário.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/atualidades/crise-do-euro--uniao-monetaria-faz-dez-anos-na-europa.jhtm