Ingressar na universidade pública é o sonho da maioria dos jovens brasileiros de baixa renda. Entretanto, essa não é uma tarefa fácil. Dentre diversos motivos, relatados por estudantes carentes em entrevista ao UOL, os principais deles são o sucateamento da educação básica e a dificuldade financeira em se manter na faculdade.
Aluno do curso de contabilidade na USP, oriundo de escola pública, Enedino Neres da Cruz Júnior, 19, resolveu abandonar o trabalho como auxiliar administrativo para se dedicar aos estudos. O esforço deu frutos e ele conseguiu ser aprovado nos vestibulares mais concorridos do país – USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade de Campinas). “Somos sempre o herói da nossa própria história”, diz o adolescente.
O jovem diz não ser fácil se manter na faculdade. No dia em que o UOL o acompanhou, ele gastou apenas R$ 11. “Nas primeiras semanas, tive dificuldade para pagar os três ônibus que utilizo para chegar à universidade. Depois que eu recebi a bolsa fiquei mais aliviado”, conta o estudante, que recebe um auxílio no valor de R$ 300 mensais, além dos tickets de alimentação popular (R$ 1,90 cada), ambos disponibilizados pela USP.
Morador do Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, o universitário é o primeiro de sua família a ingressar no ensino superior público. Os pais de Enedino são divorciados e ele mora com a mãe, que trabalha como empregada doméstica e o ajuda com os gastos acadêmicos -livros, condução, alimentação e xerox.
Bilhete único sem crédito
A realidade social dos colegas de faculdade de Enedino é bem diferente da sua. “Nos primeiros dias de aula as pessoas comentavam que tinham ganhado um carro dos pais, porque passaram na universidade, e eu estava ali apenas com o meu bilhete único sem crédito, mas feliz
Enedino sonha em viajar para o exterior, dar uma vida melhor e tranquila para a mãe e trabalhar em uma instituição internacional. “Gostaria trabalhar na ONU (Organização das Nações Unidas), OMC (Organização Mundial do Comércio) ou no Banco Mundial”, revela o universitário,que atualmente trabalha como voluntário em um cursinho popular.“O convívio com a nova galera da faculdade é complicado. Eu estava acostumado a lidar com pessoas de poder aquisitivo relativamente baixo e agora estou aprendendo a conviver com indivíduos cuja situação financeira é mais cômoda. Mas é uma questão de adaptação.”
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Caros seguidores do Blog do EPA, confesso que passo o dia na Universidade com um valor, em média, muito próximo desse de Enedino. A realidade pode até ser "nua e crua", mas o sonho e a persistência é imensamente maior...e real !!
Força a todos os "Enedinos" !
Abraço
Eraldo
Fantástica matéria, Era! Eu bem entendo dessa situação - ter que fazer cálculos na agenda para ver se o dinheiro cobre o mês, sem contar com muita ajuda de outros, mas persistindo por que um projeto de vida como o nosso é extremamente importante para que dinheiro (ou pouco dinheiro) nos pare!!!
ResponderExcluirBjão:)