A repórter Marcela Campos conversou com três professores, um psicólogo e uma nutricionista. Confira as dicas para bombar os estudos – sempre com equilíbrio – e para evitar que o cansaço e a ansiedade se tornem ameaças nessa reta final
1) Mantenha o ritmo
Continue a separar quatro ou cinco horas do seu dia apenas para os estudos em casa, sejam eles complementares ou não a um curso preparatório. O ideal é reservar aproximadamente 40 minutos para cada disciplina, com pequenas pausas – de três a dez minutos – entre elas. “Não é interessante estudar duas horas só de Matemática, por exemplo. Cansa muito mais do que estudar duas horas de matérias diferentes”, explica o professor João Pedro Alvarez Mateos, orientador de hábitos de estudos do Curso Positivo. Para o professor de Química Daniel da Silva Faria, do Curso Unificado, o ideal é que o aluno revise, em casa, os conteúdos que viu na sala de aula naquele mesmo dia.
2) Estude todas as matérias
O vestibulando deve continuar estudando todas as disciplinas e não apenas aquelas cobradas na segunda fase do processo seletivo da UFPR. “A primeira fase não pode ser abandonada, porque a nota do vestibular é cumulativa. Às vezes o candidato passa na primeira fase com pontuação muito baixa e acaba não sendo aprovado”, enfatiza o professor Daniel, do Unificado. A dica do professor Mateos, do Positivo, para o aluno que deseja se preparar para a prova discursiva é resolver os exercícios mais difíceis relacionados aos conteúdos da segunda fase. “Já com relação às matérias que não são da segunda fase, deve-se estudar e fazer os exercícios mais fáceis”, orienta.
3) Busque o silêncio
Procure um local bem iluminado, silencioso e arejado para estudar. Afaste-se de tudo o que possa distrai-lo, como telefone, rádio ou televisão. Se em casa não houver um ambiente propício à concentração, vá a uma biblioteca ou mesmo ao cursinho – várias escolas oferecem salas de estudo. Outra opção é estudar em grupo. “A troca de informações entre os membros do grupo permite completar dados, resolver questões e aprimorar a comunicação”, afirma o diretor do Curso Expoente, Renaldo Franque. Para que a estratégia dê bons resultados, ressalta, é necessário reunir alunos com facilidade de entrosamento.
4) Acompanhe as notícias
Como os vestibulares normalmente incluem questões sobre assuntos da atualidade, é importante manter-se informado. Mateos recomenda a leitura de pelo menos uma reportagem por dia. Outra dica é intercalar diferentes jornais e revistas, para ter acesso a opiniões e enfoques distintos. Já para o professor Daniel, do Unificado, o aluno pode ler, todos os dias, de três a quatro matérias publicadas em um jornal. “Ele pode pegar a capa do jornal e escolher matérias interessantes de política, educação, saúde”, afirma.
5) Reserve um dia para o descanso
Segundo o coordenador do curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Raphael Di Lascio, o excesso de estudos pode provocar uma estafa. “O vestibulando pode ter dor de cabeça, dor no corpo, diarreia, mudanças de apetite e até problemas cardíacos”, alerta. “O vestibulando tem de estudar cinco horas por dia, fora as aulas. Isso dá 11 horas diárias de trabalho, de segunda a sábado, ou 66 horas por semana. Um trabalhador permanece em média 44 horas semanais no serviço e tem pelo menos um dia inteiro de folga por semana. O patrão paga para ele descansar, porque sabe que a produção pode cair”, compara Mateos, do Positivo.
6) Faça atividades físicas
Os exercícios físicos são importantes para diminuir a ansiedade e o nervosismo, pois estimulam a produção de serotonina, neurotransmissor que provoca sensação de bem-estar. “O ideal é que o estudante faça um atividade para descarregar a energia negativa. Pode fazer musculação, andar de patins, alguma coisa que supra o corpo com sensações prazerosas e faça com que ele tenha uma predisposição mais positiva frente à vida”, afirma a psicóloga Mariita Bertassoni da Silva. O professor Daniel, do Unificado, recomenda a prática de exercícios físicos durante uma hora, pelo menos três vezes por semana.
7) Alimente-se bem
Para não perder tempo, há vestibulandos que comem depressa demais, pulam refeições ou as trocam por lanches gordurosos. O problema é que esse tipo de alimentação prejudica o desempenho nos estudos. “Esses estudantes comem rápido e, consequentemente, muito mais do que precisam, pois o organismo não tem tempo de ativar o sistema de saciedade. Toda a energia é canalizada para a digestão e eles têm mais sonolência”, explica a nutricionista Juliana Trevilini. Ela acrescenta que o consumo excessivo de café e refrigerantes à base de cola pode causar irritação. “A dica é consumir até duas xícaras (de 70 ml) de café por dia”. Segundo Juliana, o ideal é fazer as três principais refeições do dia, além de um lanche leve no meio da manhã e outro à tarde. “Quando são feitas várias refeições, como-se menos, porém melhor. O organismo se torna mais eficiente porque não é sobrecarregado”, afirma.
Aprendendo com os erros
Ler a teoria e só depois resolver os exercícios das disciplinas vistas em sala de aula. Essa é uma das principais estratégias que os vestibulandos Nicolas Micael Smalarz, 19 anos, e Dayra Liz Milleo Costa Kwitko, 18 anos, adotarão até o dia da prova da Federal. Veteranos na preparação para o vestibular, os dois já tiveram a chance de avaliar as metodologias de estudo mais eficientes para cada um. “Ler a teoria é essencial porque me dá o embasamento para resolver os exercícios”, afirma Nicolas, que disputa pela terceira vez uma vaga no curso de Arquitetura da Federal e atualmente cursa Design – Projeto de Produtos na Universidade Positivo.
Candidata ao curso de Engenharia Civil, Dayra decidiu seguir este ano uma rotina mais rigorosa de estudos. “Faço cursinho pela segunda vez. No ano passado eu não tinha um método de estudos certo. Estudava as matérias do dia, mas às vezes só via a teoria e às vezes só fazia os exercícios. E descansava sexta, sábado e domingo. Este ano eu estou vendo a teoria e fazendo os exercícios. Descanso só no sábado”, conta.
Das recomendações feitas por professores, nutricionistas e psicólogos, Dayra só não segue uma. “Eu fazia academia, mas parei por causa do vestibular”, confessa. Nicolas, por sua vez, diz que aprendeu com o erro. “No ano passado eu jogava futebol com os amigos, mas a minha consciência pesava e por isso deixei de lado. Mas aprendi e esse ano passei a jogar tênis no domingo. É essencial manter a cabeça fria, não viver só do vestibular”, conta.